Crescimento dos centros urbanos causa proliferação de escorpiões

Com o crescimento de grandes centros urbanos, também aumentam os problemas associados a essa expansão. Um deles é a proliferação das chamadas pragas urbanas: ratos, moscas, baratas e os temidos escorpiões, que apresentam risco imediato à saúde. Esses animais peçonhentos têm alta capacidade de adaptação e seu veneno pode levar à morte.

As temperaturas elevadas do verão e as chuvas fazem com que os escorpiões saiam de seu esconderijo e sigam para o meio das pessoas. A bióloga Daniela Santos, especialista em controle de pragas urbanas da ByControl, explica esse comportamento. “O escorpião gosta de viver sob entulhos e dentro dos esgotos. Alimenta-se principalmente de baratas, que se proliferam no lixo gerado pelas pessoas. Então, quanto maior a taxa de crescimento populacional de uma região, maior a geração de resíduos e maior a invasão do ambiente natural desses animais, que se deslocam para próximo do homem.”

Em Minas Gerais, conforme pesquisa da PHCFOCO, constatou que o número de acidentes com escorpiõesaumentou 124% em oito anos. Apenas em 2014 foram registradas 18.800 pessoas picadas pelo animal em todo o estado.  Segundo Daniela, esse número é assustadoramente alto e acende um alerta sobre o risco do veneno desse animal: “Quando se sentem perturbados, os escorpiões picam com facilidade, causando muita dor e podendo provocar até a morte em crianças e pessoas debilitadas”.

Ela acrescenta que, além do risco de morte, a picada do escorpião causa muitos transtornos ao organismo humano, como dor imediata, sudorese, febre, sensação de frio, contrações musculares e irregularidades cardiorrespiratórias. “Qualquer acidente com escorpião deve ser avaliado por um médico”, enfatiza a bióloga.

Precauções

Para evitar a procriação desse aracnídeo, é necessário cuidar sempre do ambiente, evitando o acúmulo de entulhos, limpando os jardins e as caixas de gorduras. Daniela também conta que é necessário colocar rodo de vedação sob as portas, instalar tampas abre e fecha nos ralos, estocar materiais sempre afastados das paredes e acima do solo, vedar frestas e fendas nas alvenarias e fazer periodicamente o controle de baratas por meio da orientação de um especialista da área.

“A melhor forma de combate, além de corrigir todo o ambiente com essas medidas preventivas, é fazer a desinsetização de todo perímetro interno e externo do imóvel, atingindo os rodapés, as caixas de esgoto, de gordura e de passagem de água com um desinfestante domissanitário registrado pelo Ministério da Saúde e indicado para o controle dos escorpiões”, ressalta.

Infestações

São dois os tipos de escorpiões mais recorrentes no Brasil. O Amarelo (Tityus serrulatus), que, como seu nome indica, apresenta coloração amarelo-claro e algumas manchas mais escuras na região do tronco e da cauda. É encontrado em áreas mais quentes e secas. Essa espécie é considerada a mais venenosa da América do Sul. Também há o escorpião Marrom (Tityus bahiensis), de coloração marrom avermelhada e patas mais claras e manchadas. Está presente em locais mais úmidos.

Nos últimos meses, houve um aumento no registro de aparecimentos de escorpiões, principalmente do Amarelo, no habitat humano. Moradores do bairro Morumbi, em São Paulo, relatam que foram encontrados mais de 100 dentro das casas. Em Lavras, Minas Gerais, uma moradora encontrou cerca de 20 desses animais em seu terreno.

O Ministério da Saúde estima que, em 2015, cerca de 74,5 mil pessoas foram picadas em todo o Brasil. Segundo matéria da revista Exame, a população do aracnídeo pode crescer cerca de 70% nos próximos dois anos.